Prefeito fala em retorno às aulas em 30 dias e governadora propõe em 14 de agosto

A governadora Fátima Bezerra anunciou na manhã desta terça-feira, durante entrevista ao Bom Dia RN, na Inter TV Cabugi, o plano de retomada da atividade econômica do RN, que passa pela flexibilização do isolamento social em decorrência da pandemia do covid-19, em quatro fases. A governadora disse que as aulas presenciais deverão continuar suspensas por, pelo menos, mais um mês e meio. Ela falou que os protocolos para reinício das aulas estão sendo discutidos, ficando o indicativo para 14 de agosto, última fase do plano.

Até o momento as medidas de isolamento social não foram atendidas a contento, isso provocou um aumento considerável dos casos confirmados, de internamento e mortes. Mesmo com a pandemia em alta, a governadora vem sofrendo pressões de órgãos de representações patronais, e termina por ceder em nome da retomada da economia, mesmo colocando em risco a vida de cidadãos e cidadãs desse estado.

Já em Natal, o prefeito Álvaro Dias atua sem sintonia com o governo do estado, e já fala que está discutindo a reabertura e que o retorno às aulas presenciais podem ocorrer em 30 dias. Desde 18 de março, as aulas foram suspensas no estado por decreto da governadora Fátima Bezerra. A ausência das aulas levou algumas escolas particulares e públicas, oferecem atividades remotas. No caso das escolas públicas ocorre dificuldade de acesso as atividades online, e muitas famílias não tem condições acompanhar os filhos durante as atividades.

O anúncio da governadora preocupa as famílias e profissionais da educação. Como garantir a segurança da comunidade escolar se não existe protocolo de segurança sanitária possível para o retorno seguro das aulas em agosto. Agosto ainda vamos lidar com o aumento da quantidade de infectados, doente e mortos como resultado da abertura do comércio inicio de julho, pois impõe aos trabalhadores do comércio o retorno ao trabalho, isso significa aumento da circulação de pessoas em transportes públicos e nos espaços públicos e comerciais, além de colocar em perigo as pessoas de grupo de riscos que estão em casa residindo com esses trabalhadores.

Reabrir escolas em julho ou agosto dando como justificativa o ENEM com um plano de “Retorno a Normalidade” não é a alternativa mais segura para a comunidade escolar visto que, estamos no pior momento da pandemia, o mundo todo aprendeu que o melhor é ficar em casa, não deve ser diferente no nosso estado e no Brasil. Também não há nenhum indicativo real de que a curva seja decrescente nos meses de julho e agosto, pelo contrário, o indicativo e de aumento nos casos da doença. Alem de que uma sala de aula com quarenta alunos e um professor, todos empilhados, espremidos, como é a realidade da maioria das escolas das Redes Públicas Estaduais e Municipais nesse estado, não terá distanciamento social nem consegue seguir protocolos de segurança.

Sabemos que é praticamente impossível atender as necessidades materiais e infraestruturais necessárias para cumprir as recomendações para volta às aulas como: dispor de água e sabão para lavar as mãos, disponibilizar álcool Gel, garantir a utilização de copos, pratos e talhares descartáveis, EPI para todos os educandos, servidores e educadores, sendo que as máscaras devem ser trocada a cada três horas ou quando estiver com umidade, manter distância de 1 metro e meio entre os estudantes, e professores para evitar o contágio por partículas respiratórias, tosses ou espirros, garantir o respeito à etiqueta respiratória.

Enfim a comunidade escolar corre risco com a reabertura das escolas antes da existência de uma vacina, ou um protocolo de tratamento com altíssimo índice de recuperação ou no mínimo, leitos de UTI de sobra com a capacidade de atender a enorme quantidade de contagiados nas escolas e por conseguinte de idosos e outros grupos de risco que estavam protegidos dessa forma de contágio.

A educação tem sido um dos poucos setores que tem colaborado com a redução do percentual de crescimento do número de contágios e óbitos por estar com as aulas paradas.

Voltar as aulas não é uma decisão a ser tomada, é uma questão de saúde pública e de salvar vidas. Não aos interesses das escolas particulares, não ao Enem e pela vida.

Para entender a realidade da crise sanitária no Rio Grande do Norte

Hoje, a soma de vítimas fatais chega a mil e trinta e quatro mortes confirmadas por Covid-19, dessas, 241 pessoas morreram na fila por internação. Já são 30.010 infectados, 43.427 casos suspeitos, sem falar na sub notificação dos casos da doença.

As informações da Secretaria Estadual de Saúde, indicam que a ocupação de leitos de UTI no RN é de 93%. Na região Oeste, a ocupação de leitos chega a 96,5%, a Região Metropolitana chega 94,9% de ocupação de leitos de UTIs. Quando se fala do índice de espera por leitos, existem 28 pessoas aguardando por um dos 16 leitos críticos disponíveis, nesta sexta-feira.

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